terça-feira, 15 de novembro de 2011

Reflexão do Prof. Fábio Correia - Professor de Filosofia

A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA PARA
A CONSTRUÇÃO DE UMA RELIGIOSIDADE  SADIA

Minha fotoPor Prof.MSc.Fábio Correia
(Mestre em Filosofia pela UFPE. Graduado em Filosofia pela Unicap. Licenciado em Educação Religiosa pelo SPN. Professor de Introdução a Filosofia, Filosofia da Educação, Ética e Filosofia Geral da Faculdade Decisão-FADE e do Cet Recife. Editor do blog: www.filosofiacalvinista.blogspot.com)
Sendo o CET um ambiente de estudos e reflexões teológicas, julgo ser oportuno refletirmos por alguns instantes  sobre a contribuição da filosofia na produção de uma fé sadia e de uma teologia coerente.
Geralmente se diz dos filósofos que são ateus e que a filosofia afasta o homem de Deus. Mas, o papel fundamental da filosofia é buscar e encontrar a verdade, esteja onde estiver. A filosofia não tem fim em si mesma, é, antes, um canal de investigação da verdade, de forma que é verdadeira a velha máxima:  “a  filosofia é a mãe de todas as ciências”.  A ferramenta filosófica da criticidade, fruto da reflexão racional,  é de fundamental importância para o estudante de teologia, que não pode ser mais um “crente comum”, aceitando todas as coisas sem perguntar se realmente podem e devem ser assim. Ele Precisa ter, muitas vezes, um olhar crítico sobre suas próprias práticas religiosas, a de seus líderes e da sua igreja, objetivando uma aproximação cada vez maior com os preceitos Escriturísticos.
A expressão paulina já nos convidava e convida a prestarmos um “culto Racional”. Esse é certamente um convite à sobriedade e à reflexão crítica de nossas atitudes religiosas. Diz ele: “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso “culto Racional” (Rm 2:1-2). Notem: o culto prestado a Deus, bem como tudo que está ligado a aspectos religiosos, deve ser inteligível, consciente, Racional e distante do misticismo que torna o adorador um ser irracional que age, tão somente, pelos seus instintos e vontade decaída, quase nunca pela Palavra de Deus revelada: a Bíblia.
É evidente que nossa religiosidade e até nossa fé precisam ter esse “parâmetro racional”, que é a ferramenta da criticidade emprestada da filosofia, sob pena de nos tornarmos marionetes nas mãos de lobos roubadores. Sob pena de tomarmos veneno para obedecer ao mandamento de desajustados líderes religiosos, mas não tão desajustados a ponto de ingerirem, eles próprios, o líquido letal. Sob pena de darmos a Deus aquilo que Ele não pede e de não darmos aquilo que Ele exige. Sob pena de sermos discípulos de homens e não de Cristo. Sob pena de sermos presa fácil nas mãos de enganadores travestidos de pastores e falsos apóstolos. Sob pena de acreditarmos em “visões, enfatuado sem motivo algum na mente carnal” (Col 2:18).
Poderíamos, aqui, também, lembrar-nos de alguns expoentes da filosofia que nutriam algum tipo de religiosidade e temor a Deus, a exemplo de Agostinho de Hipona,  Kant, Descartes e tantos outros.
Caros estudantes de teologia do CET: vivemos num contexto nunca visto antes. Precisamos dar nossa contribuição na busca da verdade, com zelo, até encontrá-la, esteja onde estiver, e fazê-la vir à tona. A filosofia é um desses instrumentos a serviço da produção de uma religiosidade sadia. Critique, duvide, questione. Não aceite algo como verdadeiro apenas porque seus líderes religiosos dizem que é verdadeiro. Investigue você mesmo. Pesquise. Procure a interpretação dos grandes teólogos da história do cristianismo e confronte com as que estão sendo apresentadas como verídicas. Estejam “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (I Ped 3:15).

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